Durante uma semana, o AUTOPISTA teve a oportunidade de fazer um test drive completo na nova Traxx Fly 250, moto on-off road fabricada em Manaus desde o início deste ano, pela Moto Traxx da Amazônia.
Para quem ainda não conhece, a Traxx faz parte do China South Industries Group, um dos maiores fabricantes mundiais de motocicletas, que tem como estratégia de mercado oferecer boa relação custo-benefício.
E neste quesito a Fly 250 não foge à regra. Custando pouco mais de R$ 9 mil, a moto tem como principais concorrentes a Yamaha Crosser 150 (R$ 10. 515,00) e a Honda NXR 160 Bros (R$ 10.720,00). Além de mais barata, a Fly 250 tem motor maior e mais potente. Veja o quadro comparativo:
Como você pode comprovar, tecnicamente, a única desvantagem da Traxx Fly 250 para suas rivais parece estar na falta da tecnologia Flex. Pois é, o motor da chinesa só funciona com gasolina. Mas esse não é seu único pecado!
Já na primeira tentativa de ligar a moto, me deparei com um detalhe que me deixou um pouco incomodado e me fez, por um instante, achar que a moto estava com problemas: a Fly 250 simplesmente não liga se o descanso não estiver totalmente recolhido. É preciso permanecer sentado na moto!
Eu, particularmente, tenho o costume de ligar a moto e deixar o motor aquecer enquanto visto meus equipamentos de segurança, o que não foi possível fazer com a Traxx Fly 250.
Outro pecado está na posição muito baixa do guidão, que compromete o conforto em longos períodos de rodagem, além de prejudicar a postura. Já o banco é largo e não é tão alto como na maioria das motos fora de estrada e nem tão baixo como nas estradeiras custom.
DETALHES QUE FAZEM A DIFERENÇA
De início o visual da Traxx Fly 250 chamou minha atenção pela forma com que foram colocadas as setas dianteiras embutidas na carenagem e setas traseiras em LED.
Outro ponto positivo nesta moto é a suspensão invertida, característica presente em motos de altas cilindradas e que não estão disponíveis nas motos concorrentes da mesma categoria.
Na prática, a suspensão filtra bem as imperfeições das nossas “excelentes ruas”, proporcionando boa estabilidade na dianteira e agilidade em manobras curtas. O acabamento também é muito bom com protetores de plástico nas bengalas.
Já o painel deixou muito a desejar pela colocação dos instrumentos. O velocímetro, além de ser analógico, possui números pequenos, o que dificulta a leitura. O conta-giros é digital, porém, ele mostra em forma de números a rotação momentânea do motor. Para piorar a situação, esses números se confundem com os do hodômetro, situado logo abaixo, no mesmo tamanho de caracteres.
Como normalmente olhamos rapidamente para o painel de instrumentos para conferir se a rotação do motor já se aproxima do limite, o ideal seria um conta-giros analógico com a faixa vermelha. Na Fly 250, o velocímetro é que é analógico e – pasmem! – tem uma faixa vermelha! Para que? Para indicar o limite de velocidade? E o limite dos giros do motor que é muito mais importante? Como fica?
IMPRESSÕES AO GUIDÃO
O motor monocilíndrico da Traxx Fly 250 tem números de desempenho abaixo do esperado. Para começar, não são 250 cc, mas sim 223 cc. A potência máxima é de apenas 16,3 cv a 7.500 rpm e o torque máximo de 1,7 kgfm a 6.000 giros – números que não a deixam muito à frente das motos de 150 cc e 160 cc.
Para melhor aproveitamento da força do motor, a Traxx optou por um câmbio de seis velocidades com relações mais curtas nas marchas mais baixas. Além da boa escalabilidade, a transmissão oferece trocas suaves e fáceis. A sexta marcha ainda contribui para um consumo mais econômico. Segundo nossas medições, a Traxx Fly 250 fez médias de 28 km/l.
O motor também se destaca pelo ronco agradável e oferece boas retomadas de velocidade, na medida certa para o uso urbano. Já na estrada encontramos limitações no desempenho. No Anel Rodoviário, por exemplo, acelerei a moto e a velocidade final não passou dos 115 km/h, mesmo em trechos de descida.
As respostas dos freios também não agradaram muito. Comparado com modelos da concorrência, a Fly 250 exige bem mais espaço para parar. Foi preciso um aplique de força maior no manete! Além de ser muito simples, o sistema de freios merecia materiais de melhor qualidade.
VEREDICTO
Se a ideia for gastar menos de R$ 10 mil em uma moto para rodar na cidade, a Traxx Fly 250 pode ser uma forte candidata. É econômica e oferece um desempenho razoável para o uso urbano. Melhorias poderiam ser feitas, como no freio, na posição do guidão e no confuso painel de instrumentos. Quem sabe, em sua próxima geração, a Fly 250 supere nossas expectativas!
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